Gostaria de compartilhar com vocês a leitura que eu fiz do livro Cidadão de Papel de Gilberto Dimenstein. Este livro tomei conhecimento através de outros estudos que estava fazendo. O livro aborda de uma forma muito didática sobre o conceito de cidadania , no sentido de que todo ser humano tem direito à vida digna, sendo que na prática isto não acontece com uma maioria expressiva da população. O autor organiza o livro trazendo discussões de vários temas, por exemplo, violência,mortalidade infantil, desemprego, desnutrição, educação, prostituição. Mostrando as relações que estes campos têm na prática.
O autor mostra que as mazelas sociais são decorrentes da ausência de políticas públicas voltadas para uma população que sofre por ter uma "cidadania de papel", isto é, cidadania que só existe no papel e não na prática, direitos sociais que se resumem em palavras e não em ações, que são consequências de um sistema político e económico que "sobrevive" às custas da grande massa trabalhadora, aqueles que não conseguem se integrar a este sistema, ficam a margem da sociedade.
O livro é indicado para ser lido por leigos, também para ser discutido em sala de aula por professores e estudantes do tema, pois o autor tem um cuidado de explicar até palavras que muitas pessoas não entendem e o que elas representam, tais como: inflação, PIB, estagflação. Mostrando que o desconhecimento destes termos e a forma que os nossos jornais passam, induzem o cidadão a não exercer a sua cidadania, por não entender o significado destas palavras e sua relação com o dia a dia.
De uma forma simples e cuidadosa, o autor traz sérias denúncias sobre a nossa realidade e às razões de não deixarmos de ser um "cidadão de papel" e sobre a nossa "democracia de papel". Apesar do livro trazer um contexto dos anos 90, por ter sido escrito neste período, muita coisa não mudou, pelo contrário, agravou, ainda somos carentes das necessidades mais básicas, que são o direito à saúde, à segurança, à educação, à vida.
O livro em 1994 ganhou o prêmio Jabuti, como melhor "livro de não ficção". Eu comecei lendo a edição de 1993 (primeira foto) e conclui a leitura com a edição de 1998 (segunda foto), porque comecei lendo na biblioteca e peguei o segundo para termina a leitura em casa. A diferença entre as edições, além da capa, que na segunda traz um complemento para o professor. Pois no final de cada capítulo do livro o autor nos coloca algumas perguntas, em ambas as edições, sendo que na segunda vem as respostas.
Super recomendo a leitura, você irá refletir sobre a sociedade de outra maneira e entender que ninguém se prostitui, rouba, violenta porque quer, são apenas frutos de uma sociedade doente. Mas o quê fazer para mudar?Eis a questão.
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